quarta-feira, janeiro 16, 2008

London e eu

Entao e' assim. A maioria das coisas que lemos nos livros sobre Londres sao verdade. Em parte porque sao verdadeiras mesmo, mas em parte porque os ingleses fazem questao de que seja assim, e de uma forma as vezes pouco natural. Novos onibus, novas cabines telefonicas, novos taxis, tudo sempre imitando o estilo antigo, tudo determinado por lei. Mas isso acaba sendo bem positivo, porque a cidade continua linda e harmonica, sem aquela coisa belorizontesca de ter uma Rainha da Sucata (nome dado a um predio em Belo Horizonte) fincada na Praca da Liberdade, esquisitissima embora premiada, brigando contra (e perdendo feio para) a arquitetura mais antiga que ali se encontra. Londres e' harmonica mesmo sendo diversa, e nao e' rara a impressao de que se esta' sempre na mesma rua. Ao mesmo tempo, tem-se a estranha sensacao de que aquela ali e' na verdade alguma outra rua, apenas porque agora voce esta' vindo no sentido oposto. Dizer que Londres e' maravilhosa e' chover no molhado. Entao passo agora a falar sobre as minhas aventuras e desventuras na terra de Britannia e John Bull.

SAINDO DE MILANO
Isabelle Nassar e sua roomate Mirelle me levaram ao aeroporto de Linate. Foram dias maravilhosos, muita risada, muitos passeios, muita comida, e o grande alivio: eu ainda consegui entrar na minha calca jeans mais justa, para estrear meu novissimo e arrasante par de botas que foi meu unico souvenir de Milano. As meninas que moram com Isabelle (Amanda e Mirelle) sao otimas, fui extremamente bem recebida, me senti em casa. Isabelle, a menina de 14 anos de quem me despedi no final de 2002, definitivamente se transformou numa moca maravilhosa, em todos os sentidos: irritantemente linda, charmosa e alta, olhos marcantes, estilosissima, inteligente e culta. Modelo em Milao, ja comprou um apartamento em Sao Paulo. Tem um otimo gosto para musica e cinema, eh ligada em Historia da Arte, esbanja simpatia por todos os poros e e' meiga, doce, embora forte e decidida. Sai' de Milao sentindo que nem maquiagem nem roupa bonita poderiam restaurar minha auto estima. (brincadeira, obvio. Belle e' um espetaculo e poder reve-la foi um presente de Deus para mim. Adorei!).

O AEROPORTO EM LONDRES
Esta' confirmado. Eu tenho talento para entrar em enrascadas quando o assunto e' aviao/aeroporto. Mas tambem acabo sendo extremamente sortuda, porque tudo sempre se ajeita no final, sem grandes prejuizos. De perder o passaporte no gigantesco aeroporto de Miami a ter traveler's cheques roubados (dentro da minha carteira!!! Ate' hoje fico imaginando o que aconteceu) tambem em Miami, e tambem ter uma camera fotografica digital, um mp3 player, dinheiro e um documento roubados por funcionarios larapios da companhia aerea no Brasil... Desta vez tive as malas extraviadas pela Alitalia ao chegar em Londres. Mas ja as recuperei. Em meio a tudo isso eu fico imaginando se algum dia eu vou conseguir ter uma viagem normal.
Leo me esperou em Heathrow por duas horas, mas no final eu cheguei bem e dei nele um abraco com anos de atraso.

LEO
Um amigo muito querido que conheci em um retiro das igrejas batistas de Itauna e Mateus Leme. Estudou Teologia na mesma faculdade que eu e tambem vivia na 'ponte aerea' Bh - Mt Leme - Itauna, ate se casar com uma inglesa. Mora numa cidadezinha ao Norte de Londres. Me buscou no aeroporto e me trouxe a casa da minha prima, Fernanda.

FERNANDA
Faz parte de meus quase 80 primos de primeiro grau. Nao, isto nao e' figura de linguagem. O numero e' bem este. E' pouquissimo mais velha que eu e e' filha do tio Zezinho, falecido irmao de meu pai. Ela mora em Londres ha 7 anos e ano passado comprou seu apartamento proprio, pertinho do Big Ben. Me recebeu com um almoco muito gostoso, me levou para passear, me levou ate' a escola no primeiro dia, e tem sido uma companhia perfeita para as noites frias e longas de inverno em Londres. Eu nao poderia estar mais feliz.

O LONDRINO
O humor deles costuma variar com o tempo, assim como o meu varia de acordo com a fase do mes, se voce me entende. Entao, meu relacionamento com os londrinos esta' sujeito a muitas variaveis. Ontem, sabado, o dia amanheceu ensolarado. As pessoas sorriam na rua, conversavam, passeavam com seus cachorros, as criancas corriam nas ruas e pracas. Londres estava iluminada. E foi ai' que eu nao reconheci as ruas mesmo. Tudo ainda muito mais lindo, mas lindo de doer a vista. Fernanda passeou comigo, fomos a St Paul's Cathedral, depois descemos pro rio Tamisa, atravessamos a Ponte do Milenio, tiramos fotos (eeeh!!!) e caminhamos pela orla do rio, na hora em que ele estava bem cheio. Os pubs estavam lotados e as pessoas caminhavam felizes. Dois brasileiros nos viram falar Portugues e foram caminhando conosco. Atravessamos a Westminster Bridge e eu tipo me senti muito fazendo parte da minha musica preferida dos Kinks: Waterloo Sunset. Tudo bem que a Waterloo Bridge fica um pouquinho pra cima (ou para baixo) e eu tinha passado nela na vinda, mas a sensacao e' a mesma, tenho certeza. Quando o Big Ben anunciou quatro e meia, minha prima teve que se despedir, mas os dois brasileiros se ofereceram para me levar a Chinatown. A moca, Isabel, mora em Londres ha 4 anos. O moco chegou ha 2 meses, mas ja conhece a cidade bem. Fomos ao Soho, Chinatown, depois a uma livraria para que eu pudesse comprar um livro sobre a Gra-Bretanha, sua geografia e historia e costumes e politica e tal... E depois nos sentamos em um cafe. Fechamos o dia na Virgin Records, com seus varios andares e tanto cd que me deixou tonta. Ao contrario do que pensei, muita coisa barata. Mas, infelizmente, a realidade e' que nao vim fazer compras.

Ainda nao contei sobre o curso, mas o email ja esta muito longo e vou deixar para contar na proxima semana.