O QUE NÃO É CRISTIANISMO
Um menino vai com sua mãe à missa. Como não entende o que o padre diz, e porque não sabe ler o folheto de missa, prefere ficar brincando com seu carrinho imaginário. Ao virar-se para trás, encontra uma moça simpática, sorriso largo, e ficam trocando risinhos, essas coisas. Esconde-se atrás do ombro da mãe, aparece novamente para que a moça o veja e sorria para ele. Tudo isso durante a missa. O menino não entende por que, mas recebe da mãe um beliscão que quase lhe arranca o braço. Ela diz que igreja não é lugar de ficar dando risinhos. De tanta dor, as lágrimas descem desavergonhadamente, nem adianta querer segurar o choro.
Ao ver a criança chorando, a mãe diz baixinho:
- Assim está melhor.
Naquele dia, a criança sai da missa com a certeza imensa de um Deus chato e carrancudo.
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Um homem é convidado a pregar em uma certa igreja evangélica. Ele sabe que lá é preciso ir engravatado, ainda que esteja vestindo camisa de manga curta. E pensa com seus botões: Será que Jesus de Nazaré, caso aparecesse por ali, conseguiria pegar o microfone?
Em todo caso, apesar do calor e da hora do dia – são cinco da tarde de domingo – ele se rende às formalidades. Só há um problema: ele engordou bastante nos últimos meses e não há terno no guarda-roupa que lhe sirva. Cria coragem, bate campainha na casa do vizinho, um gordinho bem simpático que deveria ter alguma coisa para lhe emprestar. Perfeito! Nem parece que é roupa de outra pessoa, a não ser pelo comprimento da calça, mas nada que uma fita crepe bem ajeitada não possa resolver.
Pronto para ir à igreja levar sua mensagem, pára no posto e coloca gasolina para pagar no cartão, porque dinheiro não tem.
Na entrada da igreja, as pessoas o olham de forma estranha. Ele até pensa que talvez a fita crepe esteja aparecendo ou que o fecho da calça esteja aberto. Mas não é nada disso. Aproximam-se dois diáconos e, sem rodeios, informam-lhe que pessoas com barba não podem pregar naquela igreja. Oferecem-lhe um prestobarba e um espelho, e até creme de barbear.
- Não, obrigado. Meu Deus não é tão chato e carrancudo assim.
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Conta-nos Philip Yancey que uma mulher se aproximou de um pastor confessando que andava alugando sua filha de quatro anos para homens interessados em sexo pervertido. Como não tinha o que comer, o aluguel da filha lhe rendia mais do que ela poderia conseguir em duas semanas alugando seu próprio corpo. Não vou comentar os aspectos jurídicos do caso. Apenas direi o que se passou no momento. Perplexo, sem saber o que fazer ou que dizer, o pastor perguntou à mulher se ela já havia procurado uma igreja, ao que ela respondeu:
- Igreja? Não, obrigada. Eu já me sinto péssima o suficiente.
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Philip Yancey, em continuação, conta que durante uma certa época se afastou da igreja porque encontrou nela muito pouca Graça. Um tempo depois retornou, porque não encontrou Graça em nenhum outro lugar. Com todos os males que a Igreja Cristã já causou, não consigo imaginar o mundo sem ela. E não consigo imaginar que eventos como as Cruzadas ou a Inquisição tenham apagado por completo a chama do amor que borbulha em inúmeras pessoas que encontram no Deus Trinitário (criação, encarnação, sacrifício, ressurreição e Sua presença e ação constantes na História da humanidade) a plena manifestação da Graça.
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