O estranho mundo das canetas
Inda bem que sou cristã, e não animista. Mas, mesmo assim, por quase um segundo, hoje o animismo não me pareceu assim tão absurdo. Eu pensei - ah, mas eu pensei! - que as canetas haviam armado um boicote contra mim. Sério mesmo. Eu estava ao telefone e tentei achar uma caneta, em vão. Resolvi memorizar o recado para anotar quando deligasse. Encontrei então uma caneta. A excomungada não funcionou. Com muito custo, encontrei outra... que não funcionou. Persistente, encontrei a terceira, e a quarta, e a quinta. A sexta me ajudou até a metade do bilhete e depois falhou. Mas a sétima deu conta do recado, sob ameaça de tortura.
O pior de tudo é que eu ainda não as joguei fora. Elas estão lá, todas lá, impunes, talvez maquinando um novo boicote para o próximo recado que eu tiver que anotar. Cê sabe... O lixo mora longe, lá na cozinha, e já está tarde, e o corredor é longo, e já está tarde, e a luz da cozinha é daquelas que demoram para acender, e já está tarde... zzzzzz....