segunda-feira, janeiro 31, 2011

Minha alma na Bacia

Fui apresentada ao Paulo Brabo de uma forma que, a princípio, julguei serem vias erradas. Um amigo me enviou este video e, embora sua participação tenha sido boa, não me chamou atenção especial. Meu amigo insistiu e enviou um texto. Li e gostei. Li o segundo e gostei muito. Quando li o terceiro, "A sedução da ortodoxia", só não caí de joelhos porque não achei que teria sido uma cena bonita, e, muito pior, seria uma profissão de adoração nada compatível com minha certeza sobre as inevitáveis avarias da natureza humana.

Intrigada, voltei ao vídeo e gostei do que vi: um Paulo Brabo tímido, o oposto de um cara que se imagina possuidor da verdade. Um tipo quase frágil, ou muito frágil, imagem que deu contornos a minha simpatia por ele. Para minha sorte (realmente acredito que não tenha sido azar), o vídeo me desarmou. Cadastrei-me no blog para receber textos, comprei o livro da Bacia e fui irremediavelmente afetada pelo que li.

Pelo que conheço do autor, não faço boa coisa ao elogiar tanto sua obra. Ele afirma reiteradamente que não gosta da idéia de ter um séquito nem quer convencer ninguém sobre nada. Apologética nos moldes tradicionais passa ao largo de sua pena, um ganho para a literatura chamada cristã contemporânea. Mas, se ele não gosta de babação de ovo, por que escrevo? Escrevo porque não consigo não falar do que modifica meu mundo, seja uma música, um livro, filme ou pessoa, uma comida, perfume ou piada. Neste caso, um blog.

Com a Bacia das Almas, aprendi muitas coisas e também estas duas: 1) que honestidade não tem limite; 2) que honestidade tem limite. E se isto não é tempero suficiente para minha sopa de letras, então não sei o que é.

Paulo Brabo, quando escreve, me pega por uma ponta de corda e me desenrola feito peão. Mas não é um rodar qualquer, muito menos solitário: ele mesmo parece girar comigo e se permite tontear. Percebo que também cambaleia e acredito que ele, assim como eu, gosta de ser desestabilizado. Leio seus textos e sinto-me como as crianças que rodam e rodam e rodam até se estatelarem no chão, mas, em vez de chorar o tombo, gostam de ver o mundo girando borrado e disforme e se acabam de rir, até que alguém grita: vamos de novo?