Ter um diploma de uma universidade do Brazil , e nao de algum dos paises de lingua Inglesa, e’ minha mais nova pedra no sapato. Ter um passaporte brasileiro tem-se somado a isso, como um lembrete eterno de que fomos colonizados por Portugal e seus purtuguesex, a quem de qualquer forma tenho que ser grata pela lingua que tomamos emprestada, linda, linda, linda.
Ja estive acostumada a estar fora do Brasil e ser invadida pela sensacao de que tem nada nao, que e’ apenas uma pausa para o café, que eu me banqueteio mesmo e’ na terra de Vera Cruz. Mas a vida em Londres tem me surpreendido. Ou talvez sejam meus trinta anos que me trouxeram um olhar diferente. Seja por um ou outro motivo, a verdade e’ estou encantada pela cidade e seus dias ensolarados de inverno. Tenho aproveitado cada minuto aqui. Antes de ontem fui caminhando ate o Big Ben. Sai de casa sem pressa, atravessei a ponte sobre o Tamisa, caminhei pela orla do rio, e senti meu coracao bater depressa, feliz, saltitante. Eu estou realmente muito feliz.
Isto nao diminui minha paixao e saudade por minha terra natal, e acho ate (oh mania de pensar que faco falta) que as montanhas de Minas as vezes conversam sobre mim, e que a MG 050 mais a BR262 andam a procura do meu celtinha preto nas noites de sexta-feira, nas tardes de domingo.
Pois eu estou a procura de emprego. Terminei meu curso, passei com distincao. Mas nao posso ficar aqui no quintal da rainha, porque o cunsulado nao daria visto de trabalho para uma brasileira cismando de dar aulas de Ingles para estrangeiros, logo aqui. Para consguir visto de trabalho, a empresa e a pessoa tem que provar que nao existe outra pessoa no pais que seja qualificada para fazer o tal trabalho. Prossigamos entao.
Isto aqui e’ uma torre de babel em que se escutam pelo menos 247 linguas diferentes no centro da cidade. E’ mesmo dificil encontrar alguem que tenha um puro sotaque britanico. Outro dia me perdi na cidade e gastei um tempo procurando algum londrino para me dizer onde deveria ir. Encontrei. Ele, branco de sorriso amarelo, me sugeriu que perguntasse a alguem que nao fosse de Londres, porque eles costumam conhecer a cidade melhor. Entao ta’.
Esta semana minha prima me levou a um restaurante indiano maravilhoso. Comi o melhor prato da minha vida, um camarao ao curry que nao vou descrever porque e’ indescritivel.
E, por falar em India, Asia, e tal, meu curriculo esta em processo de analise na International House Dubai, na International House Hanoi, na Shane Taiwan, e hoje enviei meu curriculo a mais uma rede na Corea do Sul. Conseguir emprego dentro da rede International House e’ mais facil para mim, porque tenho apoio deles, porque estudei com eles. Mas tem sido mesmo um horror ser negada em alguns paises porque o meu diploma e’ de uma universidade brasileira. Quando leem Universidade Federal de Minas Gerais, entendem a palavra Federal, sabem que e’ uma universidade publica, e isto nao pode ser bom em pais nenhum do mundo. Ou quase nenhum. Entao agora estou apenas colocando UFMG, e adiciono que e’ uma das universidades de maior prestigio do pais. Verdade ou nao, tambem nao tem ajudado muito.
Mas nao estou desesperada. Hoje foi meu quinto dia procurando emprego a ja tive varias respostas. O processo para Taiwan esta mais adiantado em relacao aos outros, o que nao sei se e’ bom ou ruim. Mas ja vou avisando que, infelizmente, nao terei como levar encomendas de muambas para o Brasil, porque o limite de peso da mala e’ de 20 quilos. Um voo domestico no Brasil da direito a levar mais que isso. Ja vi que vou sofrer demais diante daqueles eletronicos todos la, quase de graca. Ai ai.
E’ tanta coisa que tenho para falar, mas nunca da tempo. O email logo logo fica enorme, e somente depois e’ que me lembro de outras coisas que eu queria dizer.
No geral, e’ o seguinte: estou muito feliz, embora um pouco ansiosa. Tenho experimentado a companhia do meu Criador de forma inexplicavel, tenho comido bem, muito bem, tenho dormido bastante, e tenho aproveitado bastante a cidade, assim a esmo, sem ser obrigada a seguir roteiro de turista. Tem dias que descubro cada perola, coisa que jamais os gruias turisticos me apontariam. Nao tenho preconceito, apenas estou querendo ver o que consigo descobrir.
Este vai ser um bom ano. Assim espero.
Tenho saudade do Brasil. Ate’ breve.