sexta-feira, fevereiro 29, 2008

DE PASSAGEM POR VERA CRUZ

Estar de volta ao Brasil já com data de ir embora é estranho.
Por isso, estou considerando minha estada aqui como um bônus: possibilidade de refazer malas, rever família e amigos, deixar livros, pegar livros, estar com minha mãe no aniversário dela, sair com meu irmão no aniversário dele. Eu cheguei na sexta passada, mas os presentes que tinha enviado para eles pelo correio só chegaram hoje.

Tenho lido sobre Santiago, e muitas pessoas me falaram coisas boas sobre a capital que se espalha aos pés da cordilheira. Estou animada, embora ansiosa e um pouco com medo.
Penso que deve ser normal.
A semana passou rápido demais e não consegui fazer metade das coisas que me prometi durante o vôo de Londres pra cá.
Minha prima Fernanda telefonou durante a semana e, confesso, já chorei de saudade. De qualquer forma, terei que voltar a Londres para buscar o travesseiro que esqueci lá, e então aproveito para ver o que não vi.
Belo Horizonte continua interessante, tumultuada, e estou certa de que amo esta cidade.
Hoje vou para Itaúna, para passar uma semana. Tentarei lutar contra o ócio e a preguiça pra conseguir fazer o que quero fazer, ver quem quero ver. Se não conseguir, paciência. Teria sido mesmo só um bônus.

Embarco sábado à noitinha, rumo al Chile, de Lan Chile.
Volto pro Natal.

Escrito dia 22/02/08

SEM TOMAR CAFÉ COM A RAINHA

Foi assim, ó.
Terça-feira eu estava péssima. Não consegui sair de casa, fiquei andando de um lado para o outro. A marvada da TPM. Chorei, orei, andei em círculos. Uma mulher desempregada, comendo em libras, almoçando meu antigo carrinho, e de TPM. O medo finalmente bateu com força. Terça-feira eu era uma mulher desempregada e ansiosa.
Quarta-feira eu tinha três empregos. Eu tinha enviado meu curriculo para 3 escolas da rede International House (IH), que a minha escola em Londres: Hanoi, Dubai, Santiago. Tinha recebido resposta das 3, estava negociando com eles, mas a coisa tava totalmente empacada, enquanto outras redes de escolas e agencias de emprego insistiam em me barrar por causa da minha nacionalidade. Mas a IH, para minha felicidade, tem uma visão bem atualizada do que seja o ensino da Lingua Inglesa. Eles acreditam que o Ingles nao tem donos, é uma Língua Franca. E, assim sendo, eles também acham incongruente a idéia de que nativos da Língua estejam mais aptos a ensiná-la. Para eles, importa mais a formação, os treinamentos e os anos de experiencia em sala de aula.
De ansiosa, passei a desorientada. Não sabia para onde correr, qual dos 3 escolher.
Minha passagem de volta para o Brasil estava marcada para odia 21 de fevereiro, desde o dia em que comprei. Recebi as 3 prospostas no dia 20, sendo que Dubai ainda ficou de ligar na manha do dia 21 para confirmar valores.
Se resolvesse aceitar Dubai ou Hanoi, ficaria em Londres e perderia a passagem de volta para o Brasil, porque já não daria tempo para remarcar. Se resolvesse aceitar a proposta do Chile, teria pouquíssimas horas para arrumar malas e pegar um táxi para o aeroporto.
Acordei hoje sobrevoando terras brasileiras. Já estou pisando chão mineiro, e começo a trabalhar dia 10 de março, no Chile.
Hanoi era uma ideia linda, mexeu comigo, mas achei meio punk ir pra lá sem conhecer ninguem. Como diria meu amigo Aniel Dutra, uma coisa assim "bicho-grilo magical mystery tour". Dubai ofereceu um salario bem melhor, mas eu gastaria quase mil dolares só em aluguel de um quarto para mim. Teria que comprar um carro logo de cara, ou pegar taxi, já que transporte coletivo lá inexiste. No final, eu estaria ganhando quase que o mesmo tanto do Chile. Procurei saber do custo de vida e tal.
O legal é que a maioria das aulas sao dadas em empresas, o que será uma ótima experiencia. Se eu nao conseguir juntar tanto dinheiro quanto gostaria, não tem problema. Vou voltar falando Espanhol fluentemente, e ainda estarei pertinho da minha terra.
Pausa para o café.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

MEU DEPROMA BRASILEIRO NO REINO UNIDO

Ter um diploma de uma universidade do Brazil , e nao de algum dos paises de lingua Inglesa, e’ minha mais nova pedra no sapato. Ter um passaporte brasileiro tem-se somado a isso, como um lembrete eterno de que fomos colonizados por Portugal e seus purtuguesex, a quem de qualquer forma tenho que ser grata pela lingua que tomamos emprestada, linda, linda, linda.

Ja estive acostumada a estar fora do Brasil e ser invadida pela sensacao de que tem nada nao, que e’ apenas uma pausa para o café, que eu me banqueteio mesmo e’ na terra de Vera Cruz. Mas a vida em Londres tem me surpreendido. Ou talvez sejam meus trinta anos que me trouxeram um olhar diferente. Seja por um ou outro motivo, a verdade e’ estou encantada pela cidade e seus dias ensolarados de inverno. Tenho aproveitado cada minuto aqui. Antes de ontem fui caminhando ate o Big Ben. Sai de casa sem pressa, atravessei a ponte sobre o Tamisa, caminhei pela orla do rio, e senti meu coracao bater depressa, feliz, saltitante. Eu estou realmente muito feliz.

Isto nao diminui minha paixao e saudade por minha terra natal, e acho ate (oh mania de pensar que faco falta) que as montanhas de Minas as vezes conversam sobre mim, e que a MG 050 mais a BR262 andam a procura do meu celtinha preto nas noites de sexta-feira, nas tardes de domingo.

Pois eu estou a procura de emprego. Terminei meu curso, passei com distincao. Mas nao posso ficar aqui no quintal da rainha, porque o cunsulado nao daria visto de trabalho para uma brasileira cismando de dar aulas de Ingles para estrangeiros, logo aqui. Para consguir visto de trabalho, a empresa e a pessoa tem que provar que nao existe outra pessoa no pais que seja qualificada para fazer o tal trabalho. Prossigamos entao.

Isto aqui e’ uma torre de babel em que se escutam pelo menos 247 linguas diferentes no centro da cidade. E’ mesmo dificil encontrar alguem que tenha um puro sotaque britanico. Outro dia me perdi na cidade e gastei um tempo procurando algum londrino para me dizer onde deveria ir. Encontrei. Ele, branco de sorriso amarelo, me sugeriu que perguntasse a alguem que nao fosse de Londres, porque eles costumam conhecer a cidade melhor. Entao ta’.

Esta semana minha prima me levou a um restaurante indiano maravilhoso. Comi o melhor prato da minha vida, um camarao ao curry que nao vou descrever porque e’ indescritivel.

E, por falar em India, Asia, e tal, meu curriculo esta em processo de analise na International House Dubai, na International House Hanoi, na Shane Taiwan, e hoje enviei meu curriculo a mais uma rede na Corea do Sul. Conseguir emprego dentro da rede International House e’ mais facil para mim, porque tenho apoio deles, porque estudei com eles. Mas tem sido mesmo um horror ser negada em alguns paises porque o meu diploma e’ de uma universidade brasileira. Quando leem Universidade Federal de Minas Gerais, entendem a palavra Federal, sabem que e’ uma universidade publica, e isto nao pode ser bom em pais nenhum do mundo. Ou quase nenhum. Entao agora estou apenas colocando UFMG, e adiciono que e’ uma das universidades de maior prestigio do pais. Verdade ou nao, tambem nao tem ajudado muito.

Mas nao estou desesperada. Hoje foi meu quinto dia procurando emprego a ja tive varias respostas. O processo para Taiwan esta mais adiantado em relacao aos outros, o que nao sei se e’ bom ou ruim. Mas ja vou avisando que, infelizmente, nao terei como levar encomendas de muambas para o Brasil, porque o limite de peso da mala e’ de 20 quilos. Um voo domestico no Brasil da direito a levar mais que isso. Ja vi que vou sofrer demais diante daqueles eletronicos todos la, quase de graca. Ai ai.

E’ tanta coisa que tenho para falar, mas nunca da tempo. O email logo logo fica enorme, e somente depois e’ que me lembro de outras coisas que eu queria dizer.
No geral, e’ o seguinte: estou muito feliz, embora um pouco ansiosa. Tenho experimentado a companhia do meu Criador de forma inexplicavel, tenho comido bem, muito bem, tenho dormido bastante, e tenho aproveitado bastante a cidade, assim a esmo, sem ser obrigada a seguir roteiro de turista. Tem dias que descubro cada perola, coisa que jamais os gruias turisticos me apontariam. Nao tenho preconceito, apenas estou querendo ver o que consigo descobrir.

Este vai ser um bom ano. Assim espero.

Tenho saudade do Brasil. Ate’ breve.